Desde muito novo me acostumei a festejar o S. Martinho e era
tradição na casa de meus pais que a coisa se fizesse à moda da aldeia.
A castanha, depois de assada era colocada dentro dum alguidar,
tapada com folhas de couve cortadas na hora, pois o calor das castanhas em
contraste com a humidade da couve gera uma condensação, que mantém as castanhas
tenras por muito tempo. Sabedorias antigas…
O vinho, produto caseiro proveniente das ramadas de uva Americana
lá de casa, saia pela primeira vez do pequeno pipo para ser apreciado. Olhai
que é purinho… lembrava o pai Armindo, mas só quando a idade me permitiu a
prova é que me apercebi, tratar se de autentica água-pé!
O bacalhau, também não podia faltar. Cortado da peça para a mesa,
era mastigado juntamente com as castanhas em pequenas lascas retiradas do meio da
posta e por isso pouco salgadas, criando um sabor mesclado e único do doce da
castanha com o salgado da lasca.
Recordo com nostalgia essas
noites, com os seis sentados em redor da mesa da cozinha, desfrutando dos
paladares e do resto das brasas ainda quentes, colocadas estrategicamente por
baixo da mesa, debulhando o resto das
castanhas para Bilhós, que ao outro
dia, agora frias mas fofas e depois de uma jogatina de bola na bouça, iam que nem canja!…
E foi tudo isto que fui encontrar no primeiro S. Martinho que ao
longo destes anos fui passar a Castelões.
O convite, extensivo a toda gente
da Terra, chegou nos do Júlio Cabeleira, mentor e organizador, que em boa hora
se lembrou de brindar a comunidade com uma autêntica Festa de S. Martinho,
patrocinada por verbas da autarquia, a boa vontade de muitos e com as castanhas,
o vinho e as doçarias, a serem oferecidas pelos vizinhos.
Gostei de ver, o grande número de
pessoas que aderiram à iniciativa. Vi crianças quase de colo e adultos com mais
de noventa.
Gostei de ver, toda a gente na
festa descomplexada, com vestes de trabalho e do dia a dia.
Gostei de ver, a alegria conjunta
dos mais e menos novos em alternâncias musicais, do Folk ao som da concertina,
nos tradicionais Cantares de Roda, passando pela Dance e Rock and Rool.
A Cereja em cima do bolo veio com
a estreia do recuperador de calor, instalado no interior da Associação, que
juntou ao calor da festa o calor do corpo, em dia tão solarengo quanto frio.
O Vídeo que fiz com as fotos que recolhi, vale
mais que muitas palavras, proporcionando outros pormenores do dia de S.
Martinho, à moda da Aldeia…
Sem comentários:
Enviar um comentário