terça-feira, 15 de novembro de 2011

S. Martinho em Castelões



Desde muito novo me acostumei a festejar o S. Martinho e era tradição na casa de meus pais que a coisa se fizesse à moda da aldeia.

A castanha, depois de assada era colocada dentro dum alguidar, tapada com folhas de couve cortadas na hora, pois o calor das castanhas em contraste com a humidade da couve gera uma condensação, que mantém as castanhas tenras por muito tempo. Sabedorias antigas…

O vinho, produto caseiro proveniente das ramadas de uva Americana lá de casa, saia pela primeira vez do pequeno pipo para ser apreciado. Olhai que é purinho… lembrava o pai Armindo, mas só quando a idade me permitiu a prova é que me apercebi, tratar se de autentica água-pé!

O bacalhau, também não podia faltar. Cortado da peça para a mesa, era mastigado juntamente com as castanhas em pequenas lascas retiradas do meio da posta e por isso pouco salgadas, criando um sabor mesclado e único do doce da castanha com o salgado da lasca.

Recordo com nostalgia essas noites, com os seis sentados em redor da mesa da cozinha, desfrutando dos paladares e do resto das brasas ainda quentes, colocadas estrategicamente por baixo da mesa, debulhando o resto das castanhas para Bilhós, que ao outro dia, agora frias mas fofas e depois de uma jogatina de bola na bouça, iam que nem canja!…

E foi tudo isto que fui encontrar no primeiro S. Martinho que ao longo destes anos fui passar a Castelões.

O convite, extensivo a toda gente da Terra, chegou nos do Júlio Cabeleira, mentor e organizador, que em boa hora se lembrou de brindar a comunidade com uma autêntica Festa de S. Martinho, patrocinada por verbas da autarquia, a boa vontade de muitos e com as castanhas, o vinho e as doçarias, a serem   oferecidas pelos vizinhos.

Gostei de ver, o grande número de pessoas que aderiram à iniciativa. Vi crianças quase de colo e adultos com mais de noventa.

Gostei de ver, toda a gente na festa descomplexada, com vestes de trabalho e do dia a dia.

Gostei de ver, a alegria conjunta dos mais e menos novos em alternâncias musicais, do Folk ao som da concertina, nos tradicionais Cantares de Roda, passando pela Dance e Rock and Rool.

A Cereja em cima do bolo veio com a estreia do recuperador de calor, instalado no interior da Associação, que juntou ao calor da festa o calor do corpo, em dia tão solarengo quanto frio.

O Vídeo que fiz com as fotos que recolhi, vale mais que muitas palavras, proporcionando outros pormenores do dia de S. Martinho, à moda da Aldeia







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