segunda-feira, 30 de julho de 2012

Aldeia de Castelões


Engaranho

[Portugal: Trás-os-Montes]  Fraqueza geral que atrofia as crianças; raquitismo.


É muito antiga a devoção e romagem à Nª Senhora das Necessidades e do Engaranho, que se encontra na ermida edificada em plena serra próxima da Aldeia de Castelões, no concelho de Chaves.


Por traz da capela, existe um penedo em forma de concha, com água que nunca seca e à qual crianças ou adultos, portadores de atrofia dos seus membros, acorrem.


Com a sua fé e crença em Nª Senhora, os pacientes vão até Castelões em busca da cura, deslocando-se à pequena ermida para o cumprimento de um antigo ritual e que consta do seguinte:

Chegados ao local, deve despir-se toda a roupa do paciente, despejar na sua cabeça nove conchas de água do penedo, sendo que na última, a concha deve ser arremessada para traz das costas, dar nove tombos no altar da Senhora, vestir uma roupa diferente e regressar a casa por outro caminho, deixando no local a roupa que levara vestida.



Segundo relatos das pessoas mais antigas, as vestes deixadas no local eram leiloadas pela população, sendo o valor encaixado, revertido a favor da Santa.
Actualmente, os pertences deixados, são depositados em contentores de roupa usada existentes na cidade.



São muitos os que visitam o local. Fica este testemunho.

Castelões, Chaves, 9 de Setembro de 1982

Visita à Senhora do Engaranho, pobremente recolhida numa ermidinha tosca da serra, com lindas vistas e muita solidão.
É um consolo verificar como o nosso povo teve artes de arranjar em todas as horas advogados para todas as suas aflições. A Desgraça é que os arranjou sempre no céu.

Miguel Torga, in Diário XIV


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aldeia de Castelões

O Fontanário da Eira do Forno

Chegado a Castelões para uns dias de férias, logo reparo que há alterações na paisagem urbana do povo.

À passagem pelo local a alteração pareceu-me bem e mereceu a minha aprovação, contudo fiquei com a sensação que a obra seria polémica e geradora de diferentes pontos de vista.

Na primeira oportunidade que tive, peguei na câmara fotográfica e fui até às Costas do Forno, fotografar e tentar entender o que se passara para mudarem de local o velho fontanário da eira.



Segundo os promotores da alteração, a ideia surgiu depois de um camião de grandes dimensões ao fazer a manobra de inversão de marcha, por pouco não tocou no fontanário provocando a sua destruição, acrescida pelo facto de já terem acontecido situações semelhantes em anos passados obrigando a recorrer ao cimento para remendar os rombos provocados na pedra.

Os mais otimistas são de opinião, mais que a preservação do fontanário, podemos adicionar a facilidade com que qualquer tipo de veículo agora pode entrar e manobrar na grande eira do forno, bem como da eliminação do gelo que se formava nas noites frias de inverno, provocado pela água do fontanário que corria pelo chão fora, originando a queda de muitas pessoas.



Já os de opinião contrária afirmam que, era uma coisa dos antigos e que assim deveria permanecer, fechando os olhos aos novos tempos e às novas realidades.



Parece-me uma obra útil, sem descaracterizar o local e que brevemente acolherá o consenso de todos.

sábado, 7 de julho de 2012

Deambulando pela Cidade


Depois de duas semanas sem trabalhar, amarrado à casa por exigência pós operatória, depois de duas semanas sem poder mexer na minha horta ou jardim, sem poder descer à garagem para mexer nos meus clássicos, sem poder fazer as minhas bricolas, sem a companhia dos amigos, sem as sardinhas com pimentos, sem a noite de S. João e do S. Pedro da Póvoa…

Por tudo isso e com o tédio a amolar-me o juízo, ontem peguei em mim, na “Ratoeira” na mochila e na câmara e pus-me ao fresco para a Baixa.

Deambulei pela Ribeira e Aliados, passei por exposições, bares, assisti a concertos de rua, fotografei e fui conselheiro turístico a grupo de Italianos.

No regresso a casa levava a cabeça fresca, desanuviada e a esperança da breve recuperação para poder fazer aquilo que me der na “Gana”.