domingo, 19 de agosto de 2012

Aldeia de Castelões

A Juventude

Juventude, era o nome dado ao grupo de acção Católica composto pelas jovens mulheres de Castelões e de Calvão.


Chegaram-me estas fotografias pela mão da Maria Adelaide Cabeleira Luzio, que se revelam de grande interesse, pois é possível identificar muitas das nossas mães, avós ou tias, que pelo inicio dos anos 40 (data das fotos) pertenciam a esse movimento.


Podem usar a área de comentários para ajudar a identificar quem está nestas fotografias.

Posso iniciar garantindo que:
Na segunda foto, a terceira a contar da esquerda para a direita é a Maria Rodrigues Couto, minha mãe.



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Aldeia de Castelões

Artesanato


Foi em noite mal dormida, daquelas em que pensamos em tudo e mais alguma coisa, que o Armindo Rodrigues, outrora "O da minhota" e agora "O guarda", teve a brilhante ideia de arranjar um hobby para as suas poucas horas de vazio.




Nessa noite vieram-lhe à ideia os seus netos e os dos outros, que longe da terra mãe vão crescendo e desenvolvendo outros conhecimentos, e que mais tarde vem de férias às origens, ficando confusos quando ouvem falar em nomes de utensílios de trabalho dos quais não fazem a mínima ideia da sua forma ou utilidade, fugindo cada vez mais rápido a possibilidade de os mostrar e poder esclarecer sobre a sua utilidade e funcionalidade.




Com a chegada das máquinas agrícolas, o arado, a charrua, a agrade  ou o carro com estadulhos, de tracção animal, a roca, o fuso ou a dobadoira, para trabalharem na lã, o engaço, as forquilhas, a foice, a foicinha, ou a vara da aguilhada e tantas outras peças que faziam parte do dia-a-dia dos seus antepassados, vão desaparecendo.




Pensando à distância, o Armindo pôs em marcha o projecto de reproduzir à escala 1x10 toda essa panóplia de coisas da lavoura que orgulhosamente multiplica e preserva para memória futura.




Sem qualquer interesse comercial, este meu praça dedica um pouco de si em prol dos outros, contribuindo para a preservação de um património que é a identidade do nosso povo e da nossa região.

Bem haja por isso.






sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Aldeia de Castelões

Enigma


Com o mal dos incêndios, lá aparece uma coisa boa.

Foi na nossa serra, por poucos conhecida como Serra do Ramalho, perto do marco branco dos Forninhos, que foi encontrada uma pedra granítica com uma gravura esculpida em forma de alvo, desconhecendo-se a sua época, significado ou valor arqueológico.



Depois de se tentar encontrar algo semelhante através da Internet, sem resultado, recorremos ao IGESPAR e a uma Associação de Arqueólogos Portugueses, no sentido de nos poderem esclarecer sobre a origem e sentido de tal gravura.



Posteriormente aos incêndios na floresta, fazem-se grandes terraplanagens das áreas ardidas, preparando os terrenos para nova reflorestação de pinheiros e não só... No sentido de preservar a pedra e a gravura, evitando a sua destruição durante essas operações, a mesma foi retirada para lugar seguro, ficando a aguardar que alguma informação nos chega e assim podermos dar o melhor destino ao achado.



Seja como for, a pedra esta cá e o Enigma? Permanecerá?...



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Aldeia de Castelões


Engaranho

[Portugal: Trás-os-Montes]  Fraqueza geral que atrofia as crianças; raquitismo.


É muito antiga a devoção e romagem à Nª Senhora das Necessidades e do Engaranho, que se encontra na ermida edificada em plena serra próxima da Aldeia de Castelões, no concelho de Chaves.


Por traz da capela, existe um penedo em forma de concha, com água que nunca seca e à qual crianças ou adultos, portadores de atrofia dos seus membros, acorrem.


Com a sua fé e crença em Nª Senhora, os pacientes vão até Castelões em busca da cura, deslocando-se à pequena ermida para o cumprimento de um antigo ritual e que consta do seguinte:

Chegados ao local, deve despir-se toda a roupa do paciente, despejar na sua cabeça nove conchas de água do penedo, sendo que na última, a concha deve ser arremessada para traz das costas, dar nove tombos no altar da Senhora, vestir uma roupa diferente e regressar a casa por outro caminho, deixando no local a roupa que levara vestida.



Segundo relatos das pessoas mais antigas, as vestes deixadas no local eram leiloadas pela população, sendo o valor encaixado, revertido a favor da Santa.
Actualmente, os pertences deixados, são depositados em contentores de roupa usada existentes na cidade.



São muitos os que visitam o local. Fica este testemunho.

Castelões, Chaves, 9 de Setembro de 1982

Visita à Senhora do Engaranho, pobremente recolhida numa ermidinha tosca da serra, com lindas vistas e muita solidão.
É um consolo verificar como o nosso povo teve artes de arranjar em todas as horas advogados para todas as suas aflições. A Desgraça é que os arranjou sempre no céu.

Miguel Torga, in Diário XIV


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aldeia de Castelões

O Fontanário da Eira do Forno

Chegado a Castelões para uns dias de férias, logo reparo que há alterações na paisagem urbana do povo.

À passagem pelo local a alteração pareceu-me bem e mereceu a minha aprovação, contudo fiquei com a sensação que a obra seria polémica e geradora de diferentes pontos de vista.

Na primeira oportunidade que tive, peguei na câmara fotográfica e fui até às Costas do Forno, fotografar e tentar entender o que se passara para mudarem de local o velho fontanário da eira.



Segundo os promotores da alteração, a ideia surgiu depois de um camião de grandes dimensões ao fazer a manobra de inversão de marcha, por pouco não tocou no fontanário provocando a sua destruição, acrescida pelo facto de já terem acontecido situações semelhantes em anos passados obrigando a recorrer ao cimento para remendar os rombos provocados na pedra.

Os mais otimistas são de opinião, mais que a preservação do fontanário, podemos adicionar a facilidade com que qualquer tipo de veículo agora pode entrar e manobrar na grande eira do forno, bem como da eliminação do gelo que se formava nas noites frias de inverno, provocado pela água do fontanário que corria pelo chão fora, originando a queda de muitas pessoas.



Já os de opinião contrária afirmam que, era uma coisa dos antigos e que assim deveria permanecer, fechando os olhos aos novos tempos e às novas realidades.



Parece-me uma obra útil, sem descaracterizar o local e que brevemente acolherá o consenso de todos.

sábado, 7 de julho de 2012

Deambulando pela Cidade


Depois de duas semanas sem trabalhar, amarrado à casa por exigência pós operatória, depois de duas semanas sem poder mexer na minha horta ou jardim, sem poder descer à garagem para mexer nos meus clássicos, sem poder fazer as minhas bricolas, sem a companhia dos amigos, sem as sardinhas com pimentos, sem a noite de S. João e do S. Pedro da Póvoa…

Por tudo isso e com o tédio a amolar-me o juízo, ontem peguei em mim, na “Ratoeira” na mochila e na câmara e pus-me ao fresco para a Baixa.

Deambulei pela Ribeira e Aliados, passei por exposições, bares, assisti a concertos de rua, fotografei e fui conselheiro turístico a grupo de Italianos.

No regresso a casa levava a cabeça fresca, desanuviada e a esperança da breve recuperação para poder fazer aquilo que me der na “Gana”. 






















quinta-feira, 28 de junho de 2012

XVII Encontro de Blogues e Fotógrafos Lumbudus




Como vem sendo hábito nestes encontros de verão, o Blogue de Castelões tem mantido presença regular neste evento internacional, que se destina à divulgação das aldeias e lugares da zona de Chaves e da vizinha Galiza, com conversas e fotografias à mistura.

Depois de no ano passado caber a Castelões a Honra e o prazer de receber o evento, este ano o destino foi a Galiza, com passeios e visitas pelo Vale do Tâmega.

A primeira paragem foi para ver a nascente do Rio Tâmega. Tarefa difícil para lá chegar, pois chovera e havia muita água no chão. A aproximação à nascente só foi possível caminhando em cima de instáveis tufos de erva, tendo alguns aventureiros ganho uma boa ensopadela dos pés…

Continuamos com a visita à aldeia de Albergaria, localidade de passagem e acolhimento dos peregrinos a Santiago, agora guiados pelo Alcaide de Laza, que nos mostrou e falou dos vários locais de interesse, acabando a paragem por ali com merenda de iguarias mistas, Pasteis de Chaves e Bica de Laza, sobe o alpendre do mais emblemático estabelecimento de Albergaria, cravejado de conchas e vieiras deixadas por quem ali passa a caminho de Compostela.

Fomos até Tamicelas, local em que os rios Naveaus e Navajo, juntam as suas águas às do Rio Tâmega engrossando o seu caudal que passará por Verin, Chaves, Amarante, entrando no Douro em Entre-os-Rios e no mar, no Porto. Tomara que lá chegasse tão límpida como a vimos aqui…

Visitamos Laza e fomos recebidos na sua “Casa do Concello” pelo seu Alcaide com amáveis palavras de circunstância e oferta de poesia.

O almoço foi na “Casa da Elena” típico restaurante na aldeia vizinha de Souteliño.

A derradeira paragem foi em Verin, com caminhada pela Via Real até ao Castelo de Monterrei. Fomos recebidos pelo Alcaide, tivemos visita guiada ao Castelo, assistimos ao festival de Gaiteiros, acabando no Albergue do Castelo com merenda de Panadillos e Bicas, Pasteis e folares dos nossos e tinto do nosso e a entrega dos prémios aos vencedores do concurso de fotografia, que faz parte do programa destes encontros, bem do agrado dos muitos amantes da fotografia aderentes.

O programa fechou com o regresso a Chaves e as despedidas até ao próximo encontro, na Galiza novamente. Espero estar presente representando o Blogue e a Aldeia de Castelões.








terça-feira, 19 de junho de 2012

Castelões na festa das freguesias de Chaves



E sem querer sabe sempre melhor!...


Sim, foi sem contar que quando chegamos à aldeia, já ia tarde o dia de sábado, vindos do XVII Encontro de Blogues e fotógrafos, que soubemos de um convite coletivo a toda a população de Castelões para participar na festa das freguesias de Chaves a ter lugar no dia seguinte no recinto da Senhora da Aparecida em Calvão.

Os tempos não vão famosos para a autarquia Flaviense custear as despesas dos convívios para os idosos das cinquenta freguesias do Concelho e foi na reunião camarária em que a decisão foi anunciada, que quatro presidentes de outas tantas freguesias, Calvão, Seara-Velha, Soutelo e Soutelinho da Raia, anunciaram a vontade de, a custas próprias, darem continuidade ao encontro anual.

Desta vez o encontro foi extensivo a todos os seus residentes, motivo pelo qual nos juntamos aos de Castelões, em ambiente de grande fraternidade e partilha do excelente almoço, confecionado e servido com grande mestria pelos muitos voluntários que muito dão sem nada receber em troca.

O resto da tarde foi passado em convívio com Clikadelas à mistura, a procura de amigos e familiares de outras paragens, mas sempre com o olho no relógio, pois às 19:45h, jogava a nossa seleção um decisivo jogo contra a Holanda e que pretendia-mos ver já comodamente sentados nos sofás da nossa casa em Rio Tinto.

O fim-de-semana acabou com a satisfação da presença em dois maravilhosos programas, rodeados de amigos, fora da confusão das periferias e finalmente, pelo CR7 ter aparecido.





terça-feira, 12 de junho de 2012

10 de Junho em Felgueiras




A delegação de Felgueiras do 4.clube.portugal associou-se às comemorações do 10 de Junho na cidade, promovendo mais um convívio entre, sócios, simpatizantes e entusiastas das 4Ls.

O dia começou chuvoso e fresco sem contudo esmorecer os convivas que cedo começaram a chegar ao complexo desportivo local.
Formada a caravana 4élista, logo seguiu em direção da Câmara Municipal para a receção de boas vindas por parte de Edilidade Felgueirense e bênção das viaturas.

Recebido o RoodBock e disfrutada a companhia do treinador campeão Nacional, a caravana, agora composta por Clássicos e Motares de outros Clubes, seguiu em passeio pelo concelho, terminando como previsto no alto de Santa Quitéria, local de eleição para a organização de eventos festivos de âmbito popular.
A manhã fechou com Missa campal e entrega de oferendas, a que a Delegação correspondeu com a oferta de uma miniatura das nossas carrinhas.

A tarde, já com o sol a espreitar, foi passada junto à tenda do 4.clube montada para o efeito e da forma que todos mais gostam, brasas, carne assada e demais iguarias sempre acompanhadas com bons, diferentes e afamados Vinhos Verdes da terra, proporcionando desta forma um saudável convívio entre todos os presentes, que se prolongou até ao fugir do dia.

Estão de parabéns os elementos da Delegação de Felgueiras por mais esta organização de cunho próprio, contribuindo assim para a divulgação e engrandecimento do 4.clube.portugal.

Para nos foi mais um dia passado entre muitos e bons amigos.









segunda-feira, 28 de maio de 2012

Amigos


Não sei no futuro como serão as amizades feitas em cima do joelho, conseguidas teclando num qualquer portátil com acesso à Net e que crescem como erva daninha em comunidades com nomes esquisitos…

Eu sou do tempo em que os amigos se faziam na rua, ou seja, fora de casa.

Cimentava-mos as nossas amizades com brincadeiras e jogos que só eram interrompidos pelo chamamento das mães para o almoço, os mais afortunados para o lanche e ao cair do dia para o recolher.

E era na rua que jogava-mos a bola, fazia-mos cabanas com austrálias, trepava-mos às árvores e por vezes caía-mos, rachamos as cabeças, golpeamos os joelhos, os cotovelos e a roupa, jogava-mos à cagalhufa e ao peão, fazia-mos voltas à rua de cima em arco, em que só os mais ágeis com a gancheta conseguiam a vitória, voltas a portugal ao bugalho, cheias de serras e poços para dificultar a chegada à meta, jogávamos a sameira, que se enchiam de casca de laranja para ganhos de estabilidade, as mesmas cascas que tinham servido para o jogo da portinha, tendo como balizas a porta de minha casa e a da vizinha Celeste.

Foi assim que se fortificaram as primeiras amizades. Quanto mais espigadotes mais ia-mos esticando a corda e novos amigos foram surgindo.

Um recado a uma vizinha representava um ou dois testões ganhos pelo favor e uma correria a S. Caetano para comprar Vitórias na Branca. Já tinha o Bacalhau e o Cabrito mas a Cobaia nunca me saiu… Com a boca lambusada de rebuçados sempre ia esperando se aparecia alguém para jogar os repetidos à viradinha.

Mais tarde, aos Domingos a fatiota já era outra, tínhamos que ir à Missa pela manhã e à tarde, nada de bola, pois para grande satisfação de alguns a mãe já dava quatro tostões para um pinguinho no Copacabana com direito a ver o Bonanza, proporcionando o convívio com outra rapaziada que por lá parava.

As longas tardes passadas em jogos de matrecos e bilhar, o associativismo e prática desportiva, as noites de festival, as festas e os bailes sempre muito bem frequentadas, as seções da meia-noite e os pratinhos de feijão no Copa, os primeiros carros e as primeiras discotecas, os gambozinos, o pelotão do capitão França ou os discursos do deputado Rocha, contribuíram de forma decisiva para formar amizades fortes, sólidas, indiferentes a títulos ou diferenças sociais e que passados muitos anos continuam com o mesmos espírito de sempre, com a mesma vontade de se juntarem e partilharem as mesmas coisas de sempre, sem nunca esquecer aqueles que já partiram.

Estas são amizades de rua, solidificadas na rua, por isso esta nossa pequena comunidade à qual tenho o prazer e privilégio de pertencer, tem o nome da rua que deu nome ao lugar que vivemos; Amigos de S. Caetano.

Um bem haja para eles.





quarta-feira, 7 de março de 2012

Casas de Castelões


Desde muito novo que o lugar das “Casas” me despertava  grande curiosidade!

Tido para mim como uma zona de vinhas, talvez por ouvir falar nas conversas em família da “Vinha das Casas”, certo é que desde sempre constatei que o local esteva referenciado por construções de casas antigas do período Romano, tendo passando por lá uma importante Via que ligava Chaves a Braga.

Foram algumas as vezes tentei a aproximação na expectativa de confirmar as estórias que ouvira, mas em vão, pois sendo o local longe do centro da aldeia, foi por isso um dos primeiros a deixar de ser cultivado na demanda dos Emigrantes, tendo o mato e as Giestas assaltado as terras, tornando impossível romper e observar.

Entretanto, em pesquisas na Net fui apanhando trabalhos editados pelo IGESPAR e por Catedráticos em Arqueologia, mencionando e confirmando as Estórias que o povo contava…


ARQUEOLOGIA CASAS DE CASTELÕES CHAVES
O local designado de Casas de Castelões desenvolve-se numa encosta de pendor suave onde surgem à superfície do solo alguns vestígios materiais que documentam a existência de uma estação arqueológica do período romano. Os materiais dispersam-se por uma área superior a 1 hm2 sendo sobretudo visível alguns fragmentos de tegulae, imbrices, fragmentos de cerâmica comum, fragmentos de dolia, algumas escórias e fragmentos de tijolo. Nos muros divisórios das propriedades agrícolas pode ser observado muita da pedra aparelhada que pertenceria às antigas construções aqui existentes.

VIAS ROMANAS
Itenerário XVII  Braga (Bracara) a Astorga (Arturica) por Chaves (Aquae Flaviae)
 Via Aquae Flaviae - Aquis Celenis: partiria de Chaves pela Rua da Paz (EM507), a chamada "Estrada Velha de Montalegre", passa em Seara e toma a calçada da Portagem, entre Bustelo e Sanjurge, segue pelo alto da Salgueira, alto das Urzeiras, Lajedo, alto do Queimado, alto da Campina, Sra. do Bom Caminho (povoado no Alto das Coroas), passando a NE do vicus do Outeiro da Torre e da aldeia de Calvão (possível miliário à entrada da aldeia), continua a leste de Castelões (junto do Povoado de Facho de Castelões, onde há notícia de um *miliário junto à via; habitat em Casas de Castelões)… S. Caetano (vicus?), Soutelinho da Raia (habitat em Carvalhal e Pardieiros), Videferre e Sta. Marta de Lucenza (miliário) rumando depois em direcção a Aquis Celenis que seria em Caldas de Reis (Pontevedra).
*miliário: marco a cada mil metros.

PRÉ-HISTÓRIA
São de facto diversos os testemunhos desses tempos. Em Casa de Castelões, topónimo rural revelador de um povoado há muito desaparecido, foi encontrado um altar rupestre, prefigurando os dedos de uma mão. Deve ser daquele período em que a progressiva utilização de materiais permitiu aos povos que habitavam uma exploração da riqueza mineira da região flaviense.

Tudo que lia sobre a Arqueologia em Castelões me deixava mais curioso e foi com o grande incendio do ano passado, que limpou tudo que era monte da Panadeira até Tairíz, deixando a salvo o Povo e o Parque da Senhora, que surgiu a oportunidade da tão aguardada visita às “Casas”.
Com a 4L a aproximar-se o mais possível, rompendo caminhos de terra e seixos, com as máquinas fotográficas prontas, umas botas resistentes e protegido até à cabeça com roupa própria para “farruscar”, chego ao local à muito desejado, A Estação Arqueológica das Casas de Castelões, ou Castelãos!…
Toda a pequena encosta é feita de socalcos, saltando à vista a sensação que ali houve muita mão do homem na criação de boas condições para a construção daquele pequeno aldeamento.

Logo na primeira aproximação, facilmente se verifica que as pedras usadas para erguer as paredes divisórias das propriedades são mais que simples calhaus, nota-se algo diferente.
Com uma apreciação mais cuidada reparo que a diferença está nas formas geométricas das mesmas.
Há muitas pedras redondas de faces polidas, lisas ou concavas e que aparentam tratar-se de mós.
Há pedras cilíndricas em forma de pilar, ou meio-pilar esculpido em pedra tosca.
Há pedras de formas quadradas, retangulares e muito mais... 






Para meu espanto, vi até pedras trabalhadas para aplicação na base ou no cimo de colunas… (opus signinum)

Cada metro que se calca encontra-se um caco de barro. Uns parecem saídos de um qualquer utensilio doméstico, já outros parecem ser tijolo de piso ou cobertura. A forma e variedade é muita...




Nada entendo de Arqueologia que ma habilite a opinar sobre cada uma das muitas coisas que por lá vi, mas aqueles amontoados de pedra pequena em pequenos círculos, podem muito bem ser as ruínas das antigas casas.


Também vi uma estranha figura gravada no cimo de uma fraga pensando tratar-se de Arte-Rupestre, mas pela distância entre períodos, pela sua localização e exposição e a forma pouco clara do desenho, admito tratar-se de algo sem nexo, esculpido pela crista do sacho do velho “Grilo” que ali tinha erguido a sua cabana de abrigo paredes-meias com o mesmo penedo.

Muitos são também os pequenos montinhos de pedra que me parecem sair de pesquisas e seleções há muito realizadas, como que deixando ficar o joio depois de apartado e carregado o trigo…
Já o sol tinha baixado naquela tarde solarenga e fria de sábado quando regressei.

Para traz deixei as memórias de uma realidade absoluta, que são os vestígios da presença dos Povos Invasores que passaram e ficaram por Castelões, como se pode provar nas “Casas”, no “Facho” no “Outeiro dos Mouros, nas Lamarelhas, etc, etc… 
Espero ter tempo e aproveitar a oportunidade para fazer incursões pelas outras estações arqueológicas existentes na aldeia.